Por: Guilherme Sacco (@guilhermesacco)
Quem diz que torcida não ganha jogo, certamente nunca viveu
uma partida de Libertadores. Ontem, em Itaquera, tivemos mais um exemplo de
como o torcedor entra em campo, sim, e joga junto com o time. Quinze minutos antes
da bola rolar, os mais de 36 mil corinthianos faziam do estádio um inferno para
os jogadores do Once Caldas. Durante o aquecimento dos goleiros, o preparador
adversário provocou a massa alvinegra. Não deve ter demorado nem 30 segundos de
jogos para o colombiano se arrepender. Empurrado pela Fiel, o Corinthians
roubou a bola na saída do Once Caldas, Emerson Sheik recebeu pela esquerda e
marcou um golaço, explodindo a Arena em festa.
Depois do gol, o Corinthians deu uma diminuída no ritmo e
chegou a sofrer o empate, mas o gol colombiano foi anulado. Depois do susto e,
principalmente, quando Paolo Guerrero foi expulso, aos 26 minutos, a torcida cantou
ainda mais alto e passou a jogar junto com a equipe. Cantando sem parar,
comemorando qualquer chutão para lateral, vibrando com os dribles e provocações de um Emerson Sheik endiabrado e pressionando o adversário o máximo
possível, a Fiel ajudou a equipe a manter os nervos e segurar a vantagem de 1 a
0 e quase explodiu de alegria quando o camisa 11 carimbou o travessão na última
jogada da primeira etapa.
Durante o intervalo, a torcida esqueceu por uns momentos da
Libertadores e passou a focar no clássico de domingo, contra o Palmeiras. Na
volta do segundo tempo, o Once Caldas assustou duas vezes e os corinthianos
cantavam cada vez mais alto. Quando parecia que os colombianos dominariam a
partida, Jadson bateu escanteio e o contestado Felipe balançou as redes.
O segundo gol fez a Fiel crescer ainda mais e o Once Caldas
se perdeu na partida. Pressionados pelo barulho ensurdecedor vindo das
arquibancadas, os jogadores da equipe colombiana perderam a cabeça e Murillo,
aos 24 minutos, deu um tapa em Fágner, recebeu o segundo amarelo e foi expulso.
Com 10 contra 10, o Timão abusou do bom futebol e a Fiel viveu um sonho.
Na cobrança da falta que originou a expulsão de Murillo,
Jadson inverteu a bola para Sheik, que provocou. Ao dominar a bola, o camisa 11
fez embaixadinhas na frente do defensor, arrancou e tocou para Elias. O volante
fez uma linda tabela com Jadson, tocou para Renato Augusto, que fez o pivô e
devolveu para o camisa 7, cara a cara, tocar no alto, sem chance para Cuadrado
e marcar um gol de placa, talvez o mais bonito da (breve) história da Arena
Corinthians.
O 3 a 0 no placar deixou a Fiel nas estrelas. A partir daí,
tudo foi festa. Gritos de olé a cada toque de bola alvinegro, “ola” nas
arquibancadas, empolgação digna de uma torcida que via sua equipe jogar com
muita qualidade, mas, principalmente, com muita dedicação. Atuações (dentro e
fora de campo) que ainda seriam coroadas com um golaço de Fágner, que recebeu
um lindo passe de calcanhar de Sócrates, digo, Renato Augusto e tocou com categoria na
saída de Cuadrado para fechar o placar.
Uma vitória espetacular do Corinthians, com show
dentro e fora dos gramados. No primeiro jogo de Libertadores da sua história, a
Arena Corinthians foi realmente Corinthians pela primeira vez e mostrou ser um
ambiente aonde a torcida faz, sim, muita diferença. E que venha o dérbi de
domingo!
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