sábado, 24 de janeiro de 2015

O povo do Racing já tem vinho, objetivo agora é a Copa

Campeão da Libertadores em 1967, o Racing está de volta ao maior torneio da América do Sul (Foto: Pasión Tricolor)

Por: Jhon Tedeschi (@jhontedeschi)

A Libertadores da América 2015 será uma das edições com o maior número de campeões dos últimos tempos. Estarão presentes nada menos do que 14 dos 25 vencedores do torneio mais importante do nosso continente neste ano. Desta relação de grandes clubes, 5 deles conquistaram seu primeiro título nos últimos 10 anos – a saber: Once Caldas, Internacional, Atlético-MG, Corinthians e San Lorenzo, o atual campeão. Os demais libertadores são presenças constantes na competição, à exceção de um deles, o primeiro de todos os 14 campeões. Estamos falando do Racing Club de Avellaneda.

O primeiro dos cinco grandes clubes argentinos a conquistar o mundo, no distante ano de 1967, retorna à competição após 12 anos de ausência. La Academia alcançou sua vaga na Libertadores graças à conquista do Torneo de Transición (ou Campeonato de Primera División), no segundo semestre de 2014, último (até o presente momento) dos torneios curtos da história do futebol argentino. O título chegou ao Cilindro de Avellaneda após 13 longas temporadas de espera, período no qual o clube albiceleste conviveu com a ameaça constante do descenso, com a sombra da gestora Blanquiceleste S.A., e com algumas bolas na trave.

Todos reconhecem La Academia como uma grande grife do futebol argentino, com uma torcida apaixonada além dos limites da normalidade. No entanto, não podemos dizer que o Racing seja um multicampeão, muito pelo contrário. Entre 1966 e 2014, foram apenas 3 títulos nacionais, os títulos da América e do Mundo, além de uma esquecida e extinta Supercopa dos Campeões da Libertadores – além de duas temporadas na Primera B, em 1984 e 1985. Mesmo assim o povo racinguista nunca abandonou o clube. Seguiu lotando o velho Presidente Perón, oferecendo grandes espetáculos, dignos do clube com a quarta maior torcida da Argentina.

Como a história do Racing em relação aos títulos não é de grande riqueza, subentende-se que a relação do clube com a Libertadores não seja tão íntima. O que é uma verdade. Esta será apenas a 7ª participação de La Academia na Copa, torneio que sua torcida já viu o arquirrival Independiente vencer, ironicamente, em 7 oportunidades. À exceção do heróico título na Libertadores mais longa da história, em 1967, as demais aparições foram de pouquíssimo destaque – se salvando, talvez, a campanha de 1997, quando, após fase de grupos fraquíssima, o Racing derrubou os gigantes River Plate e Peñarol na sequência, ambos nos pênaltis, para cair nas semifinais diante dos peruanos do Sporting Cristal.

A última participação, como dissemos anteriormente, foi a distantes 12 anos, na edição 2003 – se classificando como campeão do Apertura 2001. O Racing fez uma campanha interessante, sem perder uma partida sequer, mas caiu nas oitavas-de-final, diante do América de Cali, na decisão por pênaltis. 

Naquele ano, fora os brasileiros Corinthians, Santos e Paysandu (!), o Racing fez a melhor campanha na fase de grupos, o que não adiantou de nada. O principal jogador naquela campanha foi o experiente atacante Luis Rueda, que atuou apenas nas 8 partidas de La Academia no torneio, marcando 5 gols.

Outro personagem da equipe naquele torneio foi o centroavante Diego Milito, ídolo histórico e principal pilar da equipe campeã nacional em 2014. Não necessariamente um destaque no aspecto técnico, pois El Principe marcou apenas dois gols naquela Libertadores, mas a lembrança principal fica por ter sido dele o último gol do Racing em uma Copa – no jogo de ida das oitavas-de-final, no empate em 1-1 contra o América de Cali (o jogo de volta terminou em 0 a 0 e os colombianos venceram nos pênaltis).

(Nota do editor: Não foi possível colar o HTML do player de maneira devida no corpo do texto, mas segue o link com o vídeo do gol de Diego Milito contra o América de Cali na Libertadores de 2003: http://www.ole.com.ar/racing/americadecali-milito-racing-libertadores2003_3_1267703225.html)

Depois disto, Milito se consagrou como um dos melhores atacantes do mundo, mesmo jogando em equipes de menor porte na Europa, como Genoa e Zaragoza, além de ter uma passagem brilhante pela Internazionale – onde manteve uma média impressionante de um gol a cada dois jogos. A volta, em grande estilo, foi disputando 17 dos 19 jogos no Torneo de Transición, liderando a equipe e marcando 6 gols. O craque de 35 anos é a maior esperança da hinchada académica para esta Libertadores.

Muito além de Milito, pois um time que ambiciona um título como a Libertadores não pode depender apenas de um homem só, o Racing conseguiu manter a base campeã em 2014. A única perda significativa foi do atacante Gabriel Hauche, que foi negociado com o Tijuana, do México. Para o seu lugar foi contratado o promissor Brian Fernández, de apenas 20 anos, vindo do Defensa y Justicia, jogador de características semelhantes às do Demonio Hauche, veloz e agressivo. As saídas de Diego Villar e Wason Rentería (sim, aquele) foram muito mais para aliviar a folha salarial, pois eram jogadores subaproveitados pelo técnico Diego Cocca.

Se formos analisar o time no papel, as esperanças são tímidas, pois o Racing é um time sem grandes nomes – os únicos são, além do ídolo Milito, o goleiro Sebastián Saja, ex-Grêmio, e o meia-atacante Ricardo Centurión, autor do gol do título do Transición. No mais, é um time extremamente bem armado, com sistema de jogo bem definido, sendo uma equipe compactada, veloz e que se defende de forma brilhante. 

Essas características são muito importantes para um postulante à Libertadores da América – não podemos esquecer que foi dessa forma que o San Lorenzo surpreendeu o continente no ano passado. Claro, o Racing também terá ao seu lado uma torcida apaixonada, sedenta por voltar a ver seu clube conquistar a América, após 48 anos na fila. A sede de vinho já foi satisfeita, agora La Academia quer levar a orelhuda para brindar. 

“Muchachos, traigan viño, juega La Acadé...”


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