quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Cruzeiro de 2015 com um toque de qualidade charrua

Foto: Getty Images

Por: Jhon Tedeschi (@jhontedeschi)

Nos últimos dias todos assistimos a uma novela interminável envolvendo Cruzeiro e Internacional, cujo pivô respondia pelo nome de Giorgian De Arrascaeta. Muita gente dava como certa a contratação do meia uruguaio pelo clube gaúcho, no entanto os mineiros, quietinhos como só eles sabem ser, entraram fortes na negociação e garantiram mais um reforço para a temporada 2015.
Mas, afinal, quem é esse jogador oriundo de um clube médio do Uruguai que colocou dois gigantes do futebol brasileiro em rota de colisão negocial?

Aos 20 anos de idade, De Arrascaeta é tratado como uma joia do futebol charrua desde os 18, quando foi figura importantíssima na conquista do Clausura 2013 pelo Defensor. Apesar de já figurar nas seleções de base do Uruguai, ajudando seu país a ser vice-campeão mundial na categoria sub-20, em 2013, o armador ainda não era conhecido do grande público. Era necessária uma participação internacional de grande destaque. E ela aconteceu, mais precisamente na Libertadores da América 2014, quando Giorgian foi o maestro do time violeta que alcançou uma inédita fase semifinal do torneio. 

O que deve estar passando pela cabeça dos cruzeirenses – e de seus adversários – é: como De Arrascaeta poderá contribuir no já encaixado time treinado por Marcelo Oliveira?

Para chegarmos a essa resposta, ou ao menos perto dela, precisamos entender como De Arrascaeta joga, em que contexto ele estava inserido no seu clube de origem, e como ele poderá entrar no esquema de jogo do Cruzeiro. No Defensor que chegou às semifinais da Libertadores, De Arrascaeta era um artífice do contra-ataque mortal armado pelo técnico Fernando Curuchet, em uma equipe que jogava no 4-4-2 clássico, com defesa e meio-campo em linha. Neste sistema tático, o garoto jogava aberto pela direita, podendo utilizar toda sua velocidade e habilidade, sempre às costas dos laterais adversários. No entanto, as melhores atuações de Giorgian foram como segundo atacante, com mais liberdade de aproximação à área adversária, com muita qualidade para atuar entre as linhas de meio e defesa dos rivais.

O uruguaio chega à Toca da Raposa para substituir ninguém menos que o craque do último Campeonato Brasileiro. O detalhe fica nas diferenças entre as características de Ricardo Goulart e De Arrascaeta, uma vez que o meia-atacante recém negociado com o futebol chinês é um jogador com maior poder de definição, com mais força, enquanto o jovem uruguaio é mais criativo, veloz e driblador – se assemelhando muito a Everton Ribeiro.

Ou seja, De Arrascaeta, ao que tudo indica, não será um substituto para Ricardo Goulart, e sim uma alternativa interessante na dinâmica que o 4-2-3-1 cruzeirense oferece, aumentando mais a velocidade e a criatividade do tripé final da meia-cancha, mas precisando se adaptar à constante movimentação que este esquema exige. O uruguaio tem uma propensão natural a jogar pelo lado direito do campo, a propósito, também a posição original de Everton Ribeiro. Acredito que Marcelo Oliveira encontrará uma forma de entrosá-los de modo que ambos não se marquem dentro de campo. O terceiro elemento do trio de armadores deverá sair entre Dagoberto, Willian ou Marquinhos, todos eles jogadores de velocidade e movimentação, mas sem a inventividade dos dois armadores. 

Azeitando bem este sistema, sem dúvidas o centroavante escolhido pelo treinador cruzeirense (Leandro Damião? Riascos? Júlio Baptista?) será constantemente municiado, sem qualquer tipo de prejuízo em relação a 2013 e 2014. Muito pelo contrário, com o acréscimo de De Arrascaeta, o sistema ofensivo do Cruzeiro tende a ser ainda mais mortal que nas temporadas anteriores.

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